A primeira coisa que eu quero dizer é que é sensacional, incrível, inesquecível, fantástica e mais um punhado dessas palavras totalmente subjetivas que não ajudam em nada na descrição.
É tipo carnaval: eles acham que é a maior festa do mundo e se orgulham muito disso. Afinal, são 6 milhões de visitas que Munique tem só nessas duas semanas de Oktoberfest. O festival é tão importante que, a área onde ele acontece, equivalente a mais 45 campos de futebol, fica vazia quase o ano todo, só esperando pelo evento. Tem sido assim desde 1810, quando a tradição começou, como uma festa de casamento da família real da Baviera (hoje um estado da Alemanha).
Fora esse monte de números, não quero nem pensar em quantos litros de cerveja são servidos. Só sei que os que eu tomei estavam incrivelmente gelados =D
A parte externa é bonita e há duas seções principais: a do parque, pra dar o apelo “família”, e a das tendas das cervejarias, que é a que interessa. Não há divisão física clara, mas é meio óbvio quando se cruza de uma pra outra. O parque é bom, com montanhas russas de 5 loopings, casa mal assombradas e bonecos gigantes vendendo balões, com tendas de comida típica por todo caminho e coladas uma na outra.
Mas é nas gigantescas tendas das cervejarias que a festa acontece. As garçonetes, das mais modeletes até as mais brutas, trazendo litros de cerveja e bandejas de mais de um metro com porcos inteiros, o pessoal dançando bêbado nas mesas, a banda de música bávara no palco ao centro, toda a decoração típica e, claro, o principal: cerveja. A banda não toca músicas estrangeiras ou da moda – só música bávara, com orquestra devidamente trajada e ritmo descompassado, porque eles também não são de ferro e tem sua “canequinha” ao lado.
Alguns garçons não falam uma palavra de inglês, outros também estão bêbados. É uma festa alemã que,apesar de super convidativa, ainda é feita com a participação dos alemães. Toalhas, flâmulas, brasões e roupas típicas, tudo como suporte pra colocar as weissbier, cerveja de trigo, no status de majestade. Meninas ficam bravas com os namorados, pois decote é o que não falta nos trajes típicos que 80% das pessoas veste. E os meninos também vão ficar bravos com as namoradas que resolverem usar um daqueles. Não é nada intimidador, como muitos dos festivais que querem ser cada vez mais adolescentes. Tem gente de todas as idades – afinal, tradição está em jogo.
Mas como todo festival, é um exagero. Só que é um exagero verdadeiro, cheio de identidade e que mostra o que Munique é, na verdade, o ano inteiro. Não vi uma briga sequer ou problemas mais graves de segurança, mesmo que não haja revista alguma em momento algum.
Agora, se eles acham que tem o carnaval, eu me senti, mesmo, na maior festa junina da minha vida. De dia, com o clima mais quente, ficava entre cervejas, lembrancinhas e pretzels. De noite, quando bate o vento gelado, sopas daquelas bem pesadas, com espinafre, cebola e bacon, iam bem com um vinho quente. Pronto, ressaca e azia garantida.
Notas de rodapé para bebuns interessados em ir para a Oktoberfest:
- Augustiner, Lowenbrau, Hofbrau e Paulaner tem barracas ultra super gigantes, assim como suas marcas. Mas há outra meia dúzia de cervejas de trigo muniquenses que montam tendas lindas, apesar de menores.
- Você já conhece tudo que é típico na comida alemã: salsicha, repolho, pretzel, cerveja, schnitzel (bife a milanesa), presunto cru… só não conhece daquele tamanho.
- Os preços são ridículos. Uma caneca de cerveja sai por 10 Euros. Mas cortar o orçamento neste item não faz sentido, então tente arranjar hospedagem mais barata ficando em albergues ou quartos em apartamentos, já que hotéis triplicam de valor, nao importa com quanta antecedência sejam reservados.
- Tem muita gente naquele lugar e as tendas, principalmente durante a noite ou em fins de semana, só cedem mesas por reserva, que incluiu hora para entrar e hora para sair. Depois de 3 ou 4 horsa lá, eles te chutam mesmo, principalmente nos dois últimos horários: 15 as 18 e 18 as 22.
- Ir na Oktoberfest e sair seco… isso existe. Cerveja só é servida dentro das tenda e pra quem está nas mesas. Pra quem não reserva mesa ou não aparece por lá cedo (até 3 da tarde), tchau weissbier.
- Independente da tenda, a caneca é de litro. E há uma lei de pureza da cerveja na Baviera, mais uma outra específica da Oktoberfest, que proíbe que a loira tenha menos de 6% de álcool. Pode tomar só duas ou três: você vai acabar subindo na mesa pra brindar.
- As tendas são todas gigantescas, muito maiores que as barracas de praia de Fortaleza. Todas a prova de wi-fi.
- É incrível, principalmente no começo da noite, o que tem de gente vomitando, mas poça de vômito nenhuma no chão. Eficiência continua sendo a marca registrada da Alemanha.
- Não é proibido ir sem fantasia de bávaro (peito pulando pra fora na meninas e jucalemão nos meninos), mas a maioria tem a sua e veste mesmo fora da área do festival. Custa cerca de 100 euros.